Sorocaba, 10 de novembro de 2 017.
SAJ-DCDAO-PL-EX- 108/2017
Processo nº 28.668/2017
Excelentíssimo Senhor Presidente:
Tenho a honra de encaminhar à apreciação e deliberação de Vossa Excelência e D. Pares, o presente Projeto de Lei que dispõe sobre a denominação de "MANUEL MOTA DA SILVA" à Rua "22 (Vinte e Dois) do Jardim Vale do Lago Residencial, que se inicia na Rodovia Emerenciano Prestes de Barros e termina na Rua Rosa Spinelli de Oliveira e dá outras providências.
Inicialmente cumpre informar que este Projeto de Lei é consequência de encaminhamento do Vereador José Francisco Martinez, com a apresentação da Justificativa que segue abaixo:
O Sr. Manuel Mota da Silva nasceu em 23 de abril de 1950, em Caruaru/ Pernambuco. Era filho de José Teotônio da Silva e Francisca Mota da Silva, ambos comerciantes. Ficou órfão de mãe aos 4 anos e de pai aos 12 anos, sendo criado por sua madrinha Francisca de Lira. Na adolescência, iniciou sua busca por mais cultura e passou a integrar o Grupo de Teatro Popular de Caruaru. Foi com esse grupo que Manuel, em 1970, conheceu outras localidades do país. Tendo participado dos mais importantes Festivais de Teatro do Rio de Janeiro e de São Paulo, decidiu deixar sua cidade natal em busca de novas oportunidades. Sua primeira parada foi no Rio de Janeiro, onde conheceu a arte-educadora Joana Lopes, que lhe ofereceu a oportunidade de seguir para Londrina/Paraná, para desenvolver um trabalho de pesquisa de Expressão Corporal e ministrar oficinas para a população de baixa renda e adolescentes em risco social, como funcionário da Prefeitura daquela cidade. Em 1971, foi contratado pela TV Tibagi, de Apucarana, onde atuou durante dois anos como contrarregra e assistente de cameraman. Em 1973, retornou à Londrina e passou a trabalhar na Folha de Londrina como "past up". Naquela cidade conheceu Marta Lima Dias da Silva, com quem se casou em 1975.
Em 1976, recebeu uma proposta do amigo Wilson Silva para integrar a equipe do comercial do Jornal "Cruzeiro do Sul", ainda como "past up" e artefinalizador, e mudou-se com sua esposa para esta cidade. Foi como uma paixão à primeira vista. A cidade o recebeu de braços abertos e ele fez muitos amigos logo em sua chegada. Seu pernambucanismo e seu grande senso de humor o levaram a criar raízes no lugar que escolheu para viver e realizar seu sonho de vida. No Jornal "Cruzeiro do Sul" foi um dos idealizadores e grande incentivador da agência de Publicidade Exata. Lá conseguiu juntar um quadro de profissionais de grande importância para o mercado publicitário da época. Atualmente esses profissionais são proprietários de suas próprias agências em Sorocaba e também na capital.
Por meio dessa agência, Manuel trouxe sua cultura pernambucana para a cidade. Convidou um grupo de músicos locais e, ao lado de Sergio Krika, montou o primeiro trio elétrico de Sorocaba, com uma banda tocando ao vivo em vários bairros. O nome do trio era Relou Pegou. E foi nessa agência também que desenvolveu outro projeto com a Secretaria de Cultura, a Festa do Tropeiro, que além de trazer grandes nomes da música caipira e sertaneja abriu um espaço para palestras, debates, oficinas e acampamento tropeiro, trilhas tropeiras com motoqueiros e o tradicional desfile de cavaleiros, promovendo uma ligação entre a tradição e o modernismo.
Também aqui em Sorocaba nasceram seus três filhos, Miranda Mota (1977), publicitária e arte-educadora, Mariano Mota (1981), administrador de empresas e publicitário e Moreno Mota (1987), design gráfico. Os filhos nasceram, cresceram, estudaram e se formaram nas escolas e faculdades de Sorocaba.
Em 1989 foi convidado a integrar a diretoria da Agência TCM Comunicação e Marketing, ao lado dos jornalistas e publicitários Julio Cesar Gonçalves, José Maria Tomazella e "Toco Dias". Com o passar do tempo, Manuel foi adquirindo as cotas dos sócios e tornando-se o proprietário da agência ao lado de sua esposa. Em 2003, a TCM fez uma parceria com a agência Núcleo de Marketing dos proprietários Marco Tulio, Jefferson Sticca e Maurício Trindade, nascendo assim a NucleoTCM, que até hoje mantém um amplo e importante quadro de clientes no mercado publicitário de Sorocaba, localizada no Campolim.
Sempre ligado às questões de sua profissão, Manuel foi um dos criadores da Associação de Agências de Sorocaba e do núcleo da APP de Sorocaba, integrando as diretorias das duas entidades. Também foi presidente da Associação Sorocabana de Imprensa, com a proposta de realizar a integração dos publicitários e comunicadores da cidade e da região.
As causas sociais também sempre estiveram presentes em suas atuações. Enquanto proprietário da agência, sempre esteve aberto a atender entidades sociais no sentido de criar materiais gráficos e campanhas para alavancar as atividades e manutenção de cada entidade. Foi vice-presidente da APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Sorocaba, ao lado de Ivo Roberto Perez.
Nas atividades culturais sempre foi um árduo lutador para que a cidade tivesse seu carnaval acontecendo todos os anos. Ele participou do grupo que fundou o Bloco do Depois e é dele também a logomarca do bloco. Ao lado de Ângela Fiorenzo, Ângela Oliveira, Rui Albuquerque, Adonai Manzella, João Gabriel e Nilson Senne, também fundou e criou a logomarca do Bloco Boca a Boca. Nesse bloco ele foi presidente e sempre afirmou que o carnaval de rua é uma importante manifestação popular e que também alavanca a economia de uma cidade. Ele criou ainda as logomarcas do Bloco do Sabugo e do Bloco do Cocó. Além disso, integrou a diretoria do Convention & Visitors Bureau de Sorocaba.
Em 1997, recebeu o título de Cidadão Sorocabano, apresentado pelo Vereador José Francisco Martinez, o que muito o honrou. Esse momento foi como um marco para que o pernambucano que saiu de sua cidade, Caruaru, em busca de mais cultura se sentisse mesmo um sorocabano, como ele dizia: "agora sou sorocabano e por isso sou torcedor do Bentão".
Seu precoce falecimento em 5 de setembro de 2016 deixou consternados, não só a família, como também, todos que o conheceram, por ser uma pessoa criativa, responsável e muito estimada.
Diante de todo o exposto, a presente propositura encontra-se devidamente justificada, o que proporcionará que a memória de tão digno cidadão seja perpetuada.
Conto assim, com o costumeiro apoio dessa Casa de Leis no sentido de transformar o Projeto em Lei e renovo protestos de estima e consideração.